Esperei passar alguns dias depois do jogo de quarta, para escrever um pouco sobre a eliminação e o ano do Fluminense.
Quem de verdade, acreditava que o Fluminense ganharia a libertadores de 2024? Não consigo crer, que algum torcedor tinha essa convicção. Viver a realidade é fundamental para avaliarmos as situações da vida, e não é diferente com o time de futebol. Com a cabeça mais fria, comecei a pensar, a fim de identificar os erros na temporada e construir uma narrativa para colocar em debate aqui no espaço. Afinal, não sou dono da verdade.
Vou dividir o texto em três tópicos.
- O jogo de quarta,
- o planejamento do ano
- a torcida
Fluminense e Atlético MG, fizeram o jogo mais desigual da segunda fase. Parecia um time profissional contra um sub 15. Foi um atropelo, o Galo jogou para fazer 5, 6, 7. O Fluminense não acertou o gol adversário. Culpa dos jogadores? Também. A passividade na marcação, a falta de vontade, de luta, de gana foram evidentes, e isso não pode faltar jamais.
Culpa do técnico, com toda certeza. A começar pela postura na marcação, no futsal chamamos e marcação meia quadra, no futebol marcação na linha do meio-campo, o Galo abriu o Scarpa em cima da linha lateral direita, o Arana em cima da linha lateral esquerda que passou a jogar como ponta, o Galo fez uma saída com 3 zagueiros, fazendo Árias e Serna passarem todo o jogo marcando Arana e Scarpa respectivamente. Com esses dois bem abertos, abrindo o time do fluminense, a linha de 4 com 2 zagueiros e 2 laterais não foi suficiente para conter o ímpeto atleticano, passamos a jogar na maior parte do jogo com a primeira linha de 5. Em resumo, a falta de uma marcação agressiva, incomodando os zagueiros do galo, que são tecnicamente fracos, fez o Atlético empurrar o fluminense para dentro de sua área. E isso é uma questão de posicionamento tático. Subir as linhas é correr e também oferecer riscos ao adversário, e nesse cenário o Galo tinha muito mais a perder, pois era o Fluminense que estava vencendo o confronto. Com a linha de marcação do nosso tricolor do meio-campo para trás o jogo inteiro, era um time pensando em como atacar e outro pensando em como conter o ataque, se fosse no futsal o Atlético poderia tranquilamente jogar com goleiro linha o tempo inteiro e ter superioridade numérica.
Quanto as substituições, acho que nem preciso comentar, tomando um vareio, e só entrava zagueiro e volante.
O Planejamento. Vem daí o principal erro do ano. O Fluminense em 2023 teve a maior arrecadação de sua história. A temporada começou com 1 mês de atraso por conta da disputa do mundial, e isso tem um peso enorme na preparação física. No meio de fevereiro o clube tinha uma decisão importante contra a LDU, os jogadores foram para essa decisão mal preparados, mas não tem jeito, tínhamos que jogar. Era esperado um número alto de contusões por conta das férias estendidas, e a má preparação, por qual razão o clube investiu apenas 14 mi em contratações no início da temporada? Esses 14 mi, apenas no Terans. Insistiu em jogadores com histórico de lesões, e algumas apostas. Depois de um ano como o de 2023, e 600 mi de arrecadação, não dava para investir e planejar melhor o ano? Não adianta o presidente vir agora falar que não teve sorte com relação a contusões, estamos falando de 51 contusões, e 37 no primeiro semestre, isso não está relacionado a sorte, está relacionado a competência e planejamento. E para finalizar, hoje sai a notícia que Thiago Silva não jogou para ser preservado e continuar sua recuperação do tornozelo, ou seja: foi para o sacrifício na quarta. Eu tô maluco, ou o sacrifício deveria ser feito hoje? Que fosse poupado na quarta, não cair é o que mais importa no ano, um pouco de sensatez, e qualquer um enxergaria que o Flu não tinha condições de vencer essa libertadores. E o que muda para o clube não vencer a Libertadores em 2024? Agora me respondam, o que muda se o clube cair em 2024? Pois é! Logo, a prioridade é o Campeonato Brasileiro.
Por último, vou falar da torcida, que foi quem colocou a pá de cal e fechou o caixão da temporada quando pressionou e fez de tudo pela demissão do Diniz.
Poderia vir aqui, falar bravatas como: VOCÊS MERECEM A ATUAÇÃO DE QUARTA!
Mas não vou, respeito muito nossa torcida, contudo não me impede de avaliar também quando erra. E ela errou, ao culpar o técnico pelo mau momento que o clube vivia. O técnico também errou, mas assim como nossa torcida, teve muito mais acertos. Tínhamos um técnico identificado, que ama o clube, um técnico com um conceito de jogo definido, um técnico corajoso, ambicioso. Na vida é preciso coragem para vencer, ainda que a derrota nos encontre.
O planejamento passou por ele? Claro! Mas será que ele teve aquilo que pediu? Ele trabalhou com o que dava para trabalhar ou com o que ele queria? Ele pediu Luis Henrique, não deram, ele pediu Mina, não deram.
— O que dá para trazer é Antônio Carlos e Douglas costas, você quer Diniz? Melhor que nada né?
Assim foi o planejamento do Fluminense após arrecadar 600 mi em 2023.
Ahhh! Mas o time era lanterna em 12 rodadas…
Meus amigos, o Fortaleza terminou o primeiro turno em 2022 na lanterna, e finalizou o campeonato na libertadores, ao contrário da nossa, a direção do tricolor de aço, sabia muito bem do trabalho que estava sendo desenvolvido, tinha convicção da competência do Vodvoja, bancou o treinador no pior momento e colheu os frutos.
Isso aconteceria com o Flu em 2024? Não sei, mas vocês me garantem que o Fluminense cairia mantendo o Diniz? Óbvio que não.
O aproveitamento do Fluminense com André, Thiago Silva e Árias é alto. Esses três mudam o patamar de qualquer time na América do Sul. A melhora do time, o respiro no campeonato veio por conta do retorno desses 3 atletas e o investimento de quase 60 milhões no meio da temporada. Daí pergunto a vocês: por que não gastou esse dinheiro no início do ano? Planejou melhor o time, deu mais opções de contratações ao Diniz? Depois que a casa estava arrombada, resolveu gastar.
É isso, tricolores! Seguimos em nosso calvário até a trigésima oitava rodada. Se chegarmos ao fim com o décimo sexto lugar, vibrem como um título, porque diante e tanta lambança feita num ano só, permanecer na Série A, será um alento.
Cristian Oliveira.
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