Entre a fraqueza do abandono e a apatia cética, preciso resistir! – Coluna opinião por Antonio Gonzalez

Campeonato Brasileiro Coluna Destaques Fluminense Futebol

Entre a fraqueza do abandono e a apatia cética, preciso resistir!

É impossível começar qualquer texto, mesmo que o viés e o desejo sejam outros, se não falar do atual momento do futebol: preocupa muito, mas a ferida ainda não é mortal.

Todavia o momento exige olhar em frente, é preciso resistir.

Do passado (na direção contrária), hoje, somente o possível aprendizado da dor . A conta é única: 6 vitórias em 12 jogos. Basta vencer os “em casa”. É o mínimo que se pode pedir, sabendo que virão Athletico Paranaense, Fortaleza, Cruzeiro, Grêmio, Criciúma e Cuiabá. Sendo que os 3 últimos são clubes com quem estamos disputando o espaço fora de um possível Z4. Além do que a próxima partida fora será contra o Atlético Goianiense, que é o 20º colocado e dono da defesa mais vazada do campeonato com 45 gols sofridos, uma média de 1,66 gols recebido por jogo.

Por outro lado estamos vivendo uma temporada de sequia ofensiva: o Fluminense leva marcados 21 gols em 26 jogos, o resulta na surumbática média de 0,8 gols realizado por atuação. De corpo oposto a nossa defesa é uma supermãe, com uma média de 1,1 gols sofridos por partida.

Melhor não se aprofundar tanto, senão nem a terapia resolve.

Como os salários estão em dia (?), como os direitos de imagem estão em dia (?), como as premiações estão em dia (?), como todas as promessas a jogadores foram cumpridas, como não existe medalhão cagando regra no vestiário (?) e como os departamentos de apoio não bateram de frente com ordens de fora (?), como o Estatuto não está sendo prostituído (?) a questão é simplória, da mesma forma que li diversas vezes no falecido Twitter, que fulano fez e que “the same” fulano faz, ou o projeto de torcedor do Fluminense que quer impor sicrano eternamente à frente do clube. Pensar tamanha merda e propor esse desarranjo mental, já define falta de conhecimento da nossa história.

Não é hora de nenhum de nós, torcedores e sócios do Fluminense, perdermos o rumo por causa desse namoro com o Z4, nem o sono. Menos ainda amizades.

Na boa: a responsabilidade é de uma única pessoa, o Presidente Mario Bittencourt. Ele tem que aparecer em público o mais rápido possível e bradar à nossa torcida o seguinte: “Fiquem tranquilos tricolores, porque eu Mário Bittencourt vos digo que o Fluminense não será rebaixado na bola”. É o mínimo que se lhe exige e essa atitude esperamos dele. Sem olvidar que mais uma vez, na era flusociana (2011 a 2024), por enésima vez, a tal defesa institucional não funciona e os erros arbitrais se repetem, acumulam. Enquanto isso, até o Clube de Regatas Vasco da Gama grita por um possível pênalti não assinado a favor, seguindo o estilo Textor de governar a sua empresa.

Simples assim. De resto, encaixotem as plumas do espelho da vaidade.

Não é isso que me assusta por agora. Tem patetice explícita de quem não entende nada do jogo político.

Preocupa-me em excesso a pouca luz daqueles que se dizem oposição. Todo clube grande tem que ter uma oposição forte, organizada. Mas é inescusável libertar-me de grilhetas que afligem.

Na boa, se você não consegue conviver com o contraditório, como é que você pensa ser um elemento de transformação. Apenas na exposição oral de certa rede social ou no vociferar dos teclados distantes?

Conjugar o debate em cima de gostos, preferências e visões, próprias é deverás antítese de um amor que deveria ser maior, puro. Extenso.

Perder tempo discutindo se o Fábio falhou ou não falhou, vai melhorar o quê?

Encher o peito por ser favorável ao Martinelli por enésima vez ou aborrecer-se com o mesmo Martinelli, vai melhorar o quê?
Não gostar do futebol apresentado pelo Lima ou elevá-lo à condição de herói, vai melhorar o quê?

Dizer que o Felipe Melo é ex-jogador ou ser eternamente agradecido ao Ruf Ruf, vai melhorar o quê?

Ser irônico, agressivo nas palavras, utilizar formatos como terapêutica ou fugir com linguagem entediada e molenga, vai melhorar o quê?

O Fluminense necessita urgentemente de um grande bloco de oposição, porém sem nenhum espaço para conhecidos oportunistas. Somente aquele que puder e quiser somar. No entanto, não podem ser frouxos.

Eu escolho resistir. Mas não é resistir por ser rabugento. Nada disso. É preciso resistir para construir o futuro que desejamos para o Fluminense. Pena que isso não esteja acontecendo na gestão Mario Bittencourt. Basta ver a vergonhosa aprovação das contas de 2023.

Mas se tem gente que entristece ao menor tremor, se vagabundeia o discurso afirmando que alguém torce contra ou que se vê como ser superior, não combina com o que o momento necessita.

Líderes não podem ter a tomada de decisão hesitante. É bíblico: ou é quente ou é frio, o morno se vomita.
A minha vida é feita de opções, nem que seja para isolar-me e caminhar só. Entretanto tenho certeza que estarei acompanhado por aqueles que escolheram plantar o tempo vindouro.

Então, que tal levantar o pé, abaixar as bandeiras de guerra, ser mais simpáticos, falar sempre o que cada um pensa e não ser um covarde?

A vida é um tabuleiro de xadrez. Por vezes a perda da torre ou de um cavalo permite que o teu olhar se recicle e que a luta pela vitória seja constante, nem que para isso frequentar uma terapia faz-se necessário. Anos de Luta Livre ensinaram-me isso. Inclusive avaliar fracassos. Um deles ter deixado o antigo MR21 nas mãos da falta de colhão.

Sou sabedor que esse texto traz consigo muitas entrelinhas. A interpretação é desamarrada, solta. No meu caso seca.

Sem hipótese ou sem versão: é preciso resistir!

Questão de honra e de honrados.

Mas se tiver que partir, que seja pela porta da frente. Com verdade e sem estrelismo.

Os holofotes continuam apagados. Fugir é fácil.

Antonio Gonzalez

O texto é de total responsabilidade do autor.

Sobre o autor