Celso Barros e o discurso aos não eleitores

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Acho avaliação de dada pessoa – ou fato – à luz da História requer distanciamento crítico e neutralidade, atributos que aumentam à medida que o tempo passa.
Nessa linha, consta que, indagado, em 1972, sobre os efeitos da Revolução Francesa, que tivera lugar em 1789, o premiê chinês Zhou Enlai teria dito algo como “… é muito cedo para tal avaliação […] são necessários, pelo menos, 500 anos para tal…”.

Trazendo tal raciocínio para o Fluminense, não são necessários 500 anos para que se reconheça que o Dr. Celso Barros foi – e é – um dos mais influentes tricolores do primeiro
quartil do século XXI. E, embora não seja uma unanimidade, é o único tricolor vivo que pode se dirigir à torcida falando “… olho no olho…”. Repito: é o único, goste-se dele ou não!

Do alto de sua indisputável autoridade perante a torcida tricolor, o Dr. Celso Barros deve, em primeiro lugar, desarmar uma “bomba” que tiquetaqueia a seu redor. Explico: a sua
grande força é, ao mesmo tempo, a sua maior fraqueza. Afinal de contas, a torcida tricolor associa o seu nome a craques, a muitos craques – em qualidade e em quantidade substanciais -, contratados num mágico estalar de dedos. Assim sendo, logo de início, o Dr. Celso Barros deve esclarecer à torcida que seus amor ao clube e disposição para trabalhar são os mesmos,
mas as circunstâncias, desafortunadamente, são bastante diferentes das de 1999-2014. Desta
feita, ao menos a princípio, não jorrará dinheiro de patrocínio, genuíno mecenato. Em bom português, ninguém deve esperar 8 craques no time, mas, talvez, 1 ou 2. Anticlímax, necessário choque de realidade.

Ainda falando “… olho no olho…”, penso que o Dr. Celso Barros deveria instar a torcida tricolor à associação em massa. Algo assim: a cada 10.000 novos sócios, um grande jogador é contratado. Com 100.000 sócios adimplentes, teremos um time forte, do contrário, convém
deixar claro que o senhor, Dr. Celso, pouco pode fazer. Em suma, trata-se de atar o destino do clube ao engajamento de seus torcedores – nada a ver com os chiliques do Zé Bobão, para
quem a torcida deveria comparecer, em peso, para assistir a Richard, Jadson, Ibanez e cia limitada. Mais uma vez, somente o Dr. Celso Barros tem tamanho crédito com a torcida tricolor.
Patrocinador master e recálculo de quotas de TV são eventos futuros e incertos. Se vierem, claro, será ótimo. Se não, caminhamos com nossas próprias pernas.

Mas a torcida não vota, dirão alguns. Verdade, mas ela dita tendências, mormente num período extremo como o de agora. E cobrará do novo presidente do Flu segundo esses parâmetros.

Desfechando, Dr. Celso Barros, o senhor já tem o seu lugar marcado em pedra na
gloriosa História tricolor. Não desdoure a sua imagem com um estelionato eleitoral, que é coisa de quem não tem nada a perder, como a ignominiosa Flusócio.

 

Saudações tricolores.

André Barros

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