A visão política do Fluminense FC por Ademar Arrais

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Arrais foi conselheiro do clube entre 2014 e 2016 pelo grupo Ideal Tricolor.

Aos Amigos do Fluminense: 

Desde a última eleição estou afastado da política diária do Fluminense numa espécie de licença prêmio ou anos sabáticos. Confesso que esse afastamento não é o melhor caminho para o clube, não obstante estar sendo para mim.

A verdade é que mesmo afastado, a minha paixão pelo Clube e a minha amizade e meu respeito e carinho com quase todos, de todos os segmentos da política do Clube, fazem com que eu acompanhe sempre o que vem acontecendo de perto. Ocorre que, infelizmente, não temos nada de novo e muito menos surpreendente.

A cada dia aumenta assustadoramente o estado de degradação e de apequenamento do Fluminense, fruto de uma mentalidade e de atitudes tacanhas, medíocres, prepotentes, arrogantes e que sempre colocam interesses pessoais, de amigos e ou de segmentos acima dos interesses do Fluminense. Isso tudo com uma grande pitada de irresponsabilidade financeira, incompetência e incapacidade.

Abad e Flusocio sempre foram isso que está aí acima relatado. Não dá sequer para perder mais tempo em falar. Tenho mais o que fazer. Temos um clube dirigido por pessoas “especiais”. Contudo, a Flusocio sozinha nunca teria conseguido fazer toda essa destruição.

Não crítico nenhum segmento por ter feito acordo político-eleitoral com eles, inclusive porque já fiz e não me arrependo. Acordos político-eleitorais são feitos diante de uma conjuntura do momento, de uma perspectiva futura segundo a visão de cada um do que será melhor para o Clube. Entretanto, os interesses do Fluminense devem ser a base de qualquer acordo, ou seja, se depois da eleição o candidato é seu principal grupo resolvem fazer o que bem entendem, deve-se romper com eles e lutar pelo que for melhor para a instituição.

Nesse sentido, confesso que não consigo entender há anos, várias gestões, a postura dos representantes do esporte olímpico. Em todas as gestões que acompanhei o Olímpico vem ajudando e sendo decisivo para sustentação desse sistema podre e nojento de gestão do clube.

Isso não me causaria nenhum espanto nem maior indignação se com essa postura o Esporte Olímpico fosse visto e ajudado consideravelmente pelas respectivas Diretorias. Seria errado do mesmo jeito, mas compreensível pelo aspecto corporativo.

Ocorre que o que vem acontecendo é exatamente o contrário. O esporte olímpico há tempos vem sendo sucateado, não tem nenhum apoio substancial, fica sempre num décimo plano, sofre talvez como ninguém com a desorganização geral e em razão da indefinição estratégica dos esportes que terá apenas escolinha, que irá competir, que irá investir, acaba por ser acusado de contribuir com o déficit. Temos atletas treinando há séculos literalmente no escuro, fazendo rifas para poder participar de competições, etc..

Não estou criticando por criticar esse segmento tão importante para o Fluminense na minha visão. Ao revés, não apenas o Esporte Olímpico, mas acredito que todos os grupos e segmentos do Clube devem refletir o que tem feito para a efetiva melhora institucional do Fluminense, qual o seu nível de responsabilidade com a construção desse status quo caótico e como contribuir mesmo para mudanças sem radicalismos inconsequentes e isolacionistas, cedendo no que for possível e dialogando sempre.

Eu sou oriundo do Futebol, da arquibancada, mas isso não quer dizer que não queira os esportes olímpicos do Fluminense forte, com planejamento, com apoio, organizado e sempre campeão nos esportes que estivermos competindo. É inadmissível as pessoas que representam os esportes olímpicos continuarem promovendo a sua própria auto-destruição e do Clube em geral, sem qualquer espécie de reflexão ou questionamento interno ou com todos no Conselho Deliberativo.

A coisa já está num nível tão grave, que já percebo movimentos de segmentos ligados mais ao Futebol e até eventuais candidatos à presidência do Clube defendendo o fim dos esportes olímpicos do Fluminense, num processo político de “Nós” contra “Eles”. Não concordo com isso e acho que isso não encontra maiores ecos, porém é bom não facilitar, pois nada é impossível.

Todos que de alguma forma participam da política do Fluminense precisam refletir e lutar efetivamente por mudanças e melhorias. O melhor inclusive para o Fluminense, tamanha a gravidade dos seus problemas, seria a construção de uma chapa única para próxima eleição, com alicerce num projeto previamente discutido entre todos os segmentos e sem pessoas da Flusocio à frente de nada (não pelo aspecto da exclusão do processo, mas sim da necessidade de renovação e de oportunidade a quem, no mínimo, possui o benefício da dúvida) .

O Presidente do Fluminense não precisa ser um gênio, nem rico. Ele precisa apenas ter a capacidade de liderar um processo de transformação desde à mentalidade até as atitudes, precisa ser uma pessoa decente, verdadeira, honesta, de palavra e consequentemente de credibilidade. Todo o resto se ajeita através de um movimento coletivo transformador, onde o Presidente seja Presidente e não um Imperador.

Por: Ademar Arrais

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