De início, registro um curto bate-papo travado, há pouco, com Marcelo Jorand:
(P) “Jorand, campeonato estadual vale alguma coisa?”
(R) “Claro que vale! As grandes rivalidades entre os clubes foram construídas, ao longo do tempo, nos Estaduais. Como diz a propaganda, ‘estadual é clássico’. Algumas das minhas melhores lembranças no futebol provêm dos campeonatos estaduais. Por exemplo, o golaço do Assis, em cima do urubu, em 1984.”;
(P) “Jorand, a perda da hegemonia em campeonatos estaduais para o Flamengo te causa irritação ou isso é bobagem?”
(R) “Bobagem nada! Sonho com a reviravolta a cada vez em que coloco a cabeça no travesseiro”;
(P) “Jorand, a inversão da freguesia para o Vasco te causa irritação ou isso é bobagem?”
(R) “[longo silêncio] Sonho com a reviravolta a cada vez em que coloco a cabeça no travesseiro”;
(P) “Jorand, a perda da hegemonia para o Flamengo e a inversão da freguesia para o Vasco podem ser atribuídos à Globo, ao Eurico, ao Caixa D’Água ou, principalmente, ao próprio Fluminense?”
(R) “Embora eu não desconheça a força de fatores extracampo, sempre contra a gente, o principal responsável por essa mudança de status é o próprio Fluminense, com os seus péssimos dirigentes”;
(P) “Jorand, Assis ou Romarinho?”
(R) “Tá de sacanagem, né?”;
(P) “Jorand, Manoel Schwartz ou Pedro Abad?”
(R) “Tá de sacanagem, né?”;
(P) “Jorand, diga-me algo por que você aguarda ansiosamente?”
(R) “Aguardo, ansiosamente, as próximas eleições no Fluminense, oportunidade para desalojar a Flusócio do poder, destinando esse nefando grupo à lata de lixo da História”;
Em segundo lugar, Marcelo Jorand não me encomendou texto a seguir. Ele não sabia, sequer, que o nosso diálogo seria, em parte, reproduzido na web. Procedo, portanto, espontaneamente e por minha conta e risco.
Isso posto, passo ao xis da questão.
Eu não uso Facebook, Instagram, Twiter ou coisa do gênero. Manejo, mal e porcamente, e-mail e zap. Por isso, Marcelo Jorand, para mim, até há pouco, era um ilustre desconhecido.
Eis que, num belo dia, o tal do Messenger interrompeu uma ligação minha ao celular. Era o colega Luiz Gusmão, de Mato Grosso do Sul, me cumprimentando, via Facebook, pelo meu aniversário. Como não posso acessar rede social da repartição, somente abri o Face à noite, ao chegar em casa. Respondi, prontamente, à felicitação do ilustre tricolor Gusmão e, ao acaso – ao acaso mesmo -, comecei a clicar, clicar e clicar. Em cima de notícias do Flu, claro!
No enésimo clique, deparei-me com um “live do Jorand”, que, naquele dia, a rigor, era um replay. Cliquei duas vezes e comecei a assistir ao vídeo.
Intoxicado pela propaganda enganosa e autoritária da Flusócio, sempre bati no detestável grupo por meio de comentários no portal NetFlu. Para quê? Era esquartejado pelos avatares do Lord Karece di Pirokka. Na mais amena das citações contra mim assacadas, eu era tachado de antitricolor. E, assistindo ao vídeo do Jorand, eu me deparei com o quê? Com um tricolor de raiz, verdadeiramente indignado, quase enfartando, ante os desmandos da Flusócio. Meus olhos se fixaram no vídeo. Prestei atenção a cada uma das palavras do Jorand. Em seguida, procurei outros vídeos similares.
Concordei com tudo que ele disse? Não.
Concordei com o essencial? Sim, concordei com o essencial.
Então, mandei uma mensagem pro Jorand via Face, ao que ele imediatamente respondeu – por sorte minha, pois a caixa de entrada dele vive entupida.
Desde então, falamo-nos frequentemente.
Aprendi que Marcelo Jorand não apoia Celso de Barros ou Mário Biitencourt; tampouco, ele desapoia o Abad, como se pode, erroneamente, concluir à primeira vista.
Marcelo Jorand quer um Fluminense forte, grande, vencedor, em linha com a sua História.
Isso é inegociável para ele, tricolor de raiz.
E ai daqueles que obrarem contra o Flu… do Marcelo Jorand escutarão impropérios e opróbios. A Flusócio que o diga!
Se, por um lado, Marcelo Jorand é um dos muitos tricolores de raiz genuinamente indignados com o passado recente, com o presente e com as sombrias perspectivas de futuro, por outro, ele tem um carisma como poucos têm. O cara tem um raro magnetismo pessoal, é forçoso admitir.
E a sofrida torcida tricolor carece de um líder.
Aliás, quando o Fluminense perde um jogo, o live do Jorand “bomba”, já perceberam? São os tricolores desalentados, todos em busca de uma palavra dele, mesmo que seja o indefectível “Papavê”.
Pois bem, o Brasil se cansou de Lula, de Geraldo Alckmin, de Marina Silva, de Jair Bolsonaro e quejandos. Os brasileiros clamam por algo novo, um outsider.
Passa-se o mesmo com o nosso amado Fluminense.
Os Conselheiros, em sua maioria, não gostam do Celso Barros nem do Mário Bittencourt. A torcida do Fluminense, de seu turno, detesta o Pedro Abad e, por extensão, a Flusócio.
Tricolores desesperançados querem algo novo. Pois eu tenho uma proposta:
JORAND PRESIDENTE
Saudações tricolores!
[1] André Ferreira de Barros tem 50 anos, acompanha o Fluminense em estádios desde a final da Taça Guanabara de 1975 e acha que a Flusócio tem que deixar o Tricolor e tentar a sorte no Boavista, para o infortúnio do simpático clube da Região dos Lagos.